A FAMÍLIA LEONÍSTICA
Em toda reunião
ordinária dos Lions clubes, ao ser proferida a “Invocação a Deus”, nos
deparamos, logo no seu início, com a frase
“ Senhor, nós lhe agradecemos por estarmos mais uma vez no convívio de nossa
família leonística e unidos para servir melhor o nosso semelhante”.
Mas, creio eu, muitas pessoas não se dão conta do
que seja família leonística. Uma
família biológica é composta pelo pai, chefe da família, a mãe, como viga
mestre de suporte e os filhos, agregados, netos, etc.
Nem todos comungam dos mesmos ideais. Nem todos têm as mesmas idéias
sobre qualquer coisa que se apresente, mas todos se respeitam e lutam para a
sobrevivência da família que é o ideal comum. Quando esta família ou parte dela
decide seguir uma religião, passando, portanto, a freqüentar uma igreja,
juntam-se a outras famílias ou parte delas, criando-se uma família religiosa
mais ampla. Seja como for, essa nova família será formada de pessoas distintas
e que precisam ser integradas a este ideal religioso de uma forma que todos se
sintam irmanados para que se ajudem mutuamente e possam levar adiante sua fé.
Passam a conviver periodicamente e a se conhecerem cada vez melhor. Passam a
dividir momentos de alegria e de tristeza, de sucesso e fracasso e precisam da
força da fé para superar tudo isso. Aqueles que se comportam sempre com altivez
em qualquer dessas circunstâncias, atingem seus objetivos de vida.
A
família leonística é o que esperamos, essa junção de pessoas que comungam dos
mesmos ideais e para tanto esperam atingir seus objetivos, ou seja, servir ao
próximo. Nesta convivência, alguns se aproximam mais de uns do que de outros,
porém devem respeitar a todos e ajuda-los na obtenção dos objetivos comuns.
Diferentemente da família religiosa, a família leonística pode ser formada de
pessoas de diferentes credos, portanto, com convicções bem diferentes de outras
pessoas.
Quando buscamos uma
intimidade com pessoas que comungam os mesmos ideais nossos, mas que muitas
vezes divergem de nossos pensamentos em relação à vida, temos que aprender a
separar as coisas para não violar o limite da privacidade de cada um e
principalmente respeitar as diferenças. Temos que dividir momentos de alegria,
como aquela churrascada, boca livre, propiciada por um companheiro ou
companheira, em que alguns levam até a sogra e nos fartamos de comer, beber e
cansamos de falar besteiras, mas também temos que nos preparar para dividir as
tristezas como visitar esses mesmos companheiros em hospitais e até contemplá-los
no seu velório ou de seus entes queridos. Também devemos cumprimentá-los
efusivamente em seus momentos de sucesso, mas não nos esqueçamos de oferecer
nosso ombro amigo em seus momentos de angústia e de pesar. Não devemos esquecer
um dos preceitos do código de ética do leão, ou seja: praticar a amizade como
um fim não como um meio. Algumas vezes não conseguimos ter sintonia com um/a
companheiro/a, nem mesmo simpatia e desta forma não precisamos estabelecer uma
amizade, mas devemos respeita-lo/a e trabalhar com essa pessoa nos objetivos
comuns.
Há também pessoas que querem saber antes do nome
da pessoa a quem estão sendo apresentadas, qual sua condição social e seu
“currículum vitae”, com o intuito de quererem saber como usá-la no futuro. Este
tipo de comportamento é simplesmente inadequado numa família leonística. O
Lions surgiu através de pessoas que divergiram destes pensamentos mesquinhos e
foi criado para ser uma grande família onde todos pudessem pensar apenas no
próximo, independentemente de quem esteja ao nosso lado nesta luta.
Esta é a família leonística que almejamos. Ela não
é apenas uma família social, muito comum nos clubes sociais que muitas vezes
freqüentamos, quando jantamos juntos, praticamos esportes juntos, jogamos
cartas juntos e muitas vezes alguns fazem fofocas irresponsáveis. À propósito,
aqueles que assim o fazem, seria interessante perguntar-se : se alguém falasse
de você, você gostaria ? Riria como o faz quanto o alvo é o outro? Por isso, a
família leonística deve transcender esse modelo. Podemos até fazer algumas
dessas atividades juntos, mas com o maior respeito para que possamos atingir os
ideais comuns. A família leonística é o alicerce do clube. É o seu maior
patrimônio e cabe a todos nós a tarefa de mantê-la incólume aos problemas
mundanos da vida, tais como, entre outras coisas, o culto ao ego, onde
companheiros/as se apegam a cargos como se isso representasse ascendência
social sobre os demais.
Para isto especificamente devemos conjugar o verbo
estar e não o verbo ser. “Estou Presidente” e não “sou Presidente”. Outra
pessoa virá logo a seguir em minha substituição e eu serei seu colaborador como
ela foi minha colaboradora até agora. O que importa é servir ao próximo que
Deus lhe retribui em dobro aquilo que você faz. Como é bom para a gente, quando
prestamos serviços comunitários, pois aumenta a nossa auto-estima sentirmos que
ainda somos úteis à sociedade.
Desta forma, temos certeza que pertencemos a uma
família leonística. Se mantivermos um
clima cordial e fraterno, temos tudo para ampliar essa familia. Se, contudo
fracassarmos, ela se esvairá, o clube fechará suas portas e estaremos assinando
um atestado de fracasso como seres humanos e como cristãos. Pensemos bem
nisso...
Secretário
Lions Ipiranga
27/2/2007
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